Bravas Companheiras de Jornadas

SIM.
Hoje queremos homenagens
Queremos flores, carinho e respeito
Queremos o voto deles quando estivermos na disputa
Queremos que cuidem das crianças
Que façam conosco o jantar
Que passem roupas
Que lavem as louças
Que cuidem conosco do nosso LAR
Que dancem conosco
Que se divirtam conosco
Que cantem para nós
Que saiamos juntos para o trabalho que vai sustentar nosso lar
Que participemos juntos da vida comunitária
Queremos as  leis e a justiça para quem necessitar
Queremos também comandar nos espaços de poder Executivo, legislativo e Judiciário

Para que juntos coloquemos a cada dia um tijolo na construção  da sociedade mais justa, fraterna e solidária...

nosso vídeo no youtube sobre esse dia de homenagens.

Eles não queriam que a gente ficasse aqui!

Provando o contrário do que planejava o governo na época, que era a retirada das famílias da vila Paranoá, inclusive propondo vários localidades, Samambaia e até Brasilinha, a comunidade se organizou em movimentos e garantiu a fixação de suas moradias no Paranoá.

Com desculpas de que área onde vivíamos não era apropriada para assentar as famílias, pois não tinha como colocar rede de água e esgoto e fazer grandes construções, ou seja, não tinha como dar condições dignas de vida para população, afirmava que a melhor alternativa era nos remover da vila Paranoá.

A associação de moradores do Paranoá unificou o sentimento da comunidade e liderou a resistência com várias ações e manifestações junto ao GDF: a luta pela água, manifestação pela construção de escolas, reinvindicação do posto de saúde e por causa das constantes derrubadas de barracos na vila Paranoá, houve a manifestação onde um grupo de pessoas fizerem greve de fome na porta do buriti, a partir desse fato fortaleceu campanha pela fixação do Paranoá-  daqui não saio, daqui ninguém me tira.

Com uma história de vitória, nós comemoramos como de costume na praça do roxo, no dia 18 de agosto de 1988, a publicação no diário oficial da fixação do Paranoá.

Paranoá, aurora de Brasília.

Delsione, posse como presidenta
da associação de moradores 1985
Se, por um lado, o sol de Brasília nasce aqui proporcionando a mais bela das alvoradas que já mirei, por outro lado foi de um acampamento pioneiro, em 1957, que trabalhador@s chegaram aqui para construir a Barragem do lago Paranoá, antes do alvorecer de Brasília, dando início a Vila que passou a se chamar "Vila Paranoá", onde famílias foram se agregando nos arredores do acampamento e ao longo do tempo tornou-se alternativa de moradia, com inúmeras ocupações e enfrentando também inúmeras derrubadas, já que o projeto do Governo era derrubar todos os acampamentos ao final das obras e que o povo retornasse aos seus estados. Mas, as famílias do Paranoá resolveram se organizar e lutar pela fixação. Porém, o mais interessante e intrigante é que a Vila Paranoá estava localizada dentro da VII Região Administrativa, criada em 10 de dezembro de 1964, através da Lei 4 545 que dividia o Distrito Federal em regiões administrativa.

Em 1979 foi organizada e criada a Associação de Moradores com o objetivo de lutar por melhorias e pela fixação do Paranoá, pois já era grande o desejo da comunidade permanecer onde estava, em uma das paisagens mais linda do DF.

No início dos anos 80, a Vila Paranoá era a maior favela do DF, com uma população estimada em 30 mil habitantes. A comunidade vivia sem água encanada e nem ainda existia os famosos "chafarizes" e as famílias lavavam roupas no Lago, no rio dos goianos e em riachos da redondeza onde se buscava água para beber e na própria Vila tinha um sistema de água herdado do antigo acampamento, mas só algumas famílias possuia torneiras em seu quintal e algumas até cediam um pouco de água para a comunidade vizinha, iluminação pública precária, apenas uma escola pública, um espaço cedido pela LBA recebia uma equipe de saúde 2 vezes por semana, vinda do centro de saúde do Lago Norte, tinha um único orelhão e um posto policial.

alvorada barragem, foto: Valdir de Castro
Vivendo nestas precárias condições, ao invés de se desestimularem fez foi aumentar o sentimento da comunidade em lutar por melhores condições de vida liderada pela Associação de Moradores. A vitória venho em 1988, com o decreto do então Governador José Aparecido fixando o Paranoá na própria área, como era o desejo de tod@s.
Porém, com a mudança do comando do GDF, o decreto foi modificado e a Vila Paranoá foi removida para a região do Pinheiral pelo Decreto 11 921 de 25 de outubro de 1989, reafirmando a RA VII, como a segunda maior em extensão rural, composta por vários núcleos rurais e agrovilas e grande produtora de grãos e horti-fruti -granjeiros do DF.


* nos meus textos utilizo o simbolo de @ referindo-se a homens e mulheres.

.

Breve História da RA XXVIII, codinome Itapoã.


Nos idos da década de 90, começou um condomínio ilegal chamado Itapoã. Por ser área da Marinha, esta, limitava a entrada das famílias e também proibia acesso com material de construção. No final da década de 90 a Marinha negociou com o GDF uma outra área para suas atividades, cedendo esta ao GDF, que possibilitaria a futura regularização das famílias no local.


Em 2001 aconteceu "A GRANDE OCUPAÇÃO" em toda a área do Itapoã, Del Lago e Fazendinha, onde em atos constantes de ocupação do solo e vários confrontos com as forças de segurança obtiveram o direito fundamental de moradia. E em 03 de janeiro de 2005, finalmente, foi transformada em Região Administrativa do DF, RAXXVIII, por meio da Lei nº 3.527.

Boa parte das pessoas que moram na região são oriundas do Paranoá, sendo a cidade vista como alternativa aos anseios d@s morador@s que ainda moravam de aluguel ou novas famílias formadas por filh@s dos pioneiros que não tinha lote no Paranoá.

A exemplo do Paranoá, a cidade do Itapoã é fruto da luta e resistência  da comunidade ali estabelecida.


FONTE - Seminário História e Memória do Itapoã no DF.

* nos meus textos utilizo o simbolo de @ referindo-se a homens e mulheres.